Text Practice Mode
O Espelho Mágico
created Saturday October 04, 13:53 by tecale
0
836 words
2 completed
0
Rating visible after 3 or more votes
saving score / loading statistics ...
00:00
O rapaz, órfão de pai e mãe, saiu pelo mundo para ganhar a vida. Ia por um caminho quando viu uma pedra tapando a boca de um formigueiro e as formigas lutando para arredá-la. O moço, que tinha bom coração, abaixou-se e tirou a pedra com cuidado para não matar as formigas.
Quando acabou, uma formiguinha falou:
__Se você se encontrar em dificuldades, diga: Valha-me o Rei das Formigas.
O rapaz seguiu sua estrada e adiante encontrou um carneiro com uma pata enganchada num arame. Soltou o bichinho. O carneiro disse:
__Quando você tiver uma dificuldade, diga: Valha-se o Rei dos Carneiros!
Lá mais longe o rapaz viu um peixe dentro duma poça d'agua rasa, quase se acabando. O peixe estava com o lombo de fora, morrendo. O moço tirou-o da poça e sacudiu numa lagoa perto. O peixe estava com o lombo de fora, morrendo. O moço tirou-o da poça e sacudiu numa lagoa perto. O peixe mergulhou, foi embaixo, veio em cima, e falou:
__Quando você tiver uma dificuldade, diga: Valha-me o Rei dos Peixes
Quase avistando o reinado, o rapaz encontrou um gavião deitado no chão, seco de sede. Levou-o, deu-lhe um banho, deixou ele beber agua e soltou. O gavião voou para um galho de pau de disse:
__Quando você tiver uma dificuldade, diga: Valha-me o Rei dos Pássaros!
Chegando no reinado, o rapaz soube que a princesa tinha um espelho mágico que mostrava todas as cousas escondidas. O espelho só tinha forças de meia-noite até o primeiro cantar do galo. Quem se escondesse, e a princesa não descobrisse, casava com ela e, se ela achasse, perdia o homem a vida. O rapaz foi se oferecer para essa aventura.
Na primeira noite, procurou um canto fora do reinado e disse:
Valha-me o Rei dos Carneiros! O carneiro apareceu e o rapaz disse o que queria.
__ Monte nas minhas costas! __ O rapaz montou e o carneiro largou-se correndo, de mato a dentro, para umas brenhas fechadas onde havia uma gruta. Deitou o rapaz na gruta e encheu os arredores de carneiros, uns por cima dos outros, que ninguém via outra, cousa afora carneiro.
Á meia-noite a moça puxou o espelho e procurou o rapaz, por todos os lados. Tanto virou que deu com a gruta, e o espelho mostrou o rapaz deitado no chão, coberto de carneiros. A princesa tomou nota e foi dormir.
No outro dia o rapaz se apresentou.
__Onde eu estava escondido?
__Deitado no chão, dentro de uma gruta, rodeado de carneiros?
__Era isso mesmo!
O rapaz apelou para o peixe. Foi à beira-mar e chamou: Valha-me o Rei dos Peixes! O peixe riscou na praia. O moço contou sua dificuldade.
O rei dos Peixes mandou um tubarão engolir o rapaz e uma baleia engolir o tubarão e foi para o fundo do mar.
Na meia-noite, a princesa foi consultar o espelho. Caçou na terra e nos ares e procurou nos mares, com tanto cuidado que descobriu onde o rapaz estava dormindo. Na manhã, o moço apareceu e perguntou:
__Onde eu passei a noite?
__Dentro de um tubarão, este numa baleia, no fundo do mar!
_Era isso mesmo!
Dessa vez o rapaz chamou o gavião e contou sua agonia. O gavião levou-o nas costas até em cima das nuvens e lá apareceu outro gavião ainda maior que cobriu o Rei dos Pássaros com suas asas.
À meia-noite, a princesa procurou o rapaz nas águas e na terra e não achou. Procurou nos ares e não viu. Tanto olhou e olhou que enxergou um pontinho escuro por cima das nuvens. Botou reparo e descobriu tudo.
__Onde dormi a noite passada?
__Em cima de um gavião, coberto por outro, em cima das nuvens!
__Era isso mesmo!
Como era o terceiro dia, o rapaz foi condenado à morte, mas a princesa ficou com pena dele e pediu ao rei para deixar o moço experimentar uma vez mais. O rapaz ficou contente e foi valer-se do Rei das Formigas.
__O espelho descobriu você na terra, no mar e nos ares. Mas o espelho não pode ver a própria princesa. Eu vou virar você numa formiga e você suba para cima do vestido dela e esconda-se bem.
Dito e feito. O rapaz virou formiga, entrou no palácio, foi ao quarto da princesa e subiu pelo vestido acima, bem devagar para ela não pressentir, e escondeu-se na bainha da camisa.
À meia-noite, a princesa procurou o rapaz em toda parte, virou e mexeu, e nada de ver onde ele estava dormindo. Passou-se a hora das forças do espelho encantado e ela não viu coisa alguma. Amanheceu o dia e o rapaz voltou a ser gente e veio perguntar onde tinha dormido.
__Não sei onde você dormiu! Onde foi?
__Não digo enquanto não me casar com você!
Fizeram o casamento com muita festa e só depois de casado é que o moço disse onde tinha passado a sua última noite de solteiro.
Contado por Cícero Salvino de Oliveira, em Alexandria, Rio Grande do Norte.
Quando acabou, uma formiguinha falou:
__Se você se encontrar em dificuldades, diga: Valha-me o Rei das Formigas.
O rapaz seguiu sua estrada e adiante encontrou um carneiro com uma pata enganchada num arame. Soltou o bichinho. O carneiro disse:
__Quando você tiver uma dificuldade, diga: Valha-se o Rei dos Carneiros!
Lá mais longe o rapaz viu um peixe dentro duma poça d'agua rasa, quase se acabando. O peixe estava com o lombo de fora, morrendo. O moço tirou-o da poça e sacudiu numa lagoa perto. O peixe estava com o lombo de fora, morrendo. O moço tirou-o da poça e sacudiu numa lagoa perto. O peixe mergulhou, foi embaixo, veio em cima, e falou:
__Quando você tiver uma dificuldade, diga: Valha-me o Rei dos Peixes
Quase avistando o reinado, o rapaz encontrou um gavião deitado no chão, seco de sede. Levou-o, deu-lhe um banho, deixou ele beber agua e soltou. O gavião voou para um galho de pau de disse:
__Quando você tiver uma dificuldade, diga: Valha-me o Rei dos Pássaros!
Chegando no reinado, o rapaz soube que a princesa tinha um espelho mágico que mostrava todas as cousas escondidas. O espelho só tinha forças de meia-noite até o primeiro cantar do galo. Quem se escondesse, e a princesa não descobrisse, casava com ela e, se ela achasse, perdia o homem a vida. O rapaz foi se oferecer para essa aventura.
Na primeira noite, procurou um canto fora do reinado e disse:
Valha-me o Rei dos Carneiros! O carneiro apareceu e o rapaz disse o que queria.
__ Monte nas minhas costas! __ O rapaz montou e o carneiro largou-se correndo, de mato a dentro, para umas brenhas fechadas onde havia uma gruta. Deitou o rapaz na gruta e encheu os arredores de carneiros, uns por cima dos outros, que ninguém via outra, cousa afora carneiro.
Á meia-noite a moça puxou o espelho e procurou o rapaz, por todos os lados. Tanto virou que deu com a gruta, e o espelho mostrou o rapaz deitado no chão, coberto de carneiros. A princesa tomou nota e foi dormir.
No outro dia o rapaz se apresentou.
__Onde eu estava escondido?
__Deitado no chão, dentro de uma gruta, rodeado de carneiros?
__Era isso mesmo!
O rapaz apelou para o peixe. Foi à beira-mar e chamou: Valha-me o Rei dos Peixes! O peixe riscou na praia. O moço contou sua dificuldade.
O rei dos Peixes mandou um tubarão engolir o rapaz e uma baleia engolir o tubarão e foi para o fundo do mar.
Na meia-noite, a princesa foi consultar o espelho. Caçou na terra e nos ares e procurou nos mares, com tanto cuidado que descobriu onde o rapaz estava dormindo. Na manhã, o moço apareceu e perguntou:
__Onde eu passei a noite?
__Dentro de um tubarão, este numa baleia, no fundo do mar!
_Era isso mesmo!
Dessa vez o rapaz chamou o gavião e contou sua agonia. O gavião levou-o nas costas até em cima das nuvens e lá apareceu outro gavião ainda maior que cobriu o Rei dos Pássaros com suas asas.
À meia-noite, a princesa procurou o rapaz nas águas e na terra e não achou. Procurou nos ares e não viu. Tanto olhou e olhou que enxergou um pontinho escuro por cima das nuvens. Botou reparo e descobriu tudo.
__Onde dormi a noite passada?
__Em cima de um gavião, coberto por outro, em cima das nuvens!
__Era isso mesmo!
Como era o terceiro dia, o rapaz foi condenado à morte, mas a princesa ficou com pena dele e pediu ao rei para deixar o moço experimentar uma vez mais. O rapaz ficou contente e foi valer-se do Rei das Formigas.
__O espelho descobriu você na terra, no mar e nos ares. Mas o espelho não pode ver a própria princesa. Eu vou virar você numa formiga e você suba para cima do vestido dela e esconda-se bem.
Dito e feito. O rapaz virou formiga, entrou no palácio, foi ao quarto da princesa e subiu pelo vestido acima, bem devagar para ela não pressentir, e escondeu-se na bainha da camisa.
À meia-noite, a princesa procurou o rapaz em toda parte, virou e mexeu, e nada de ver onde ele estava dormindo. Passou-se a hora das forças do espelho encantado e ela não viu coisa alguma. Amanheceu o dia e o rapaz voltou a ser gente e veio perguntar onde tinha dormido.
__Não sei onde você dormiu! Onde foi?
__Não digo enquanto não me casar com você!
Fizeram o casamento com muita festa e só depois de casado é que o moço disse onde tinha passado a sua última noite de solteiro.
Contado por Cícero Salvino de Oliveira, em Alexandria, Rio Grande do Norte.
