Text Practice Mode
O Bicho Folharal
created Wednesday October 08, 22:19 by tecale
0
275 words
0 completed
0
Rating visible after 3 or more votes
saving score / loading statistics ...
00:00
Cansada de ser enganada pela raposa e de não poder segurá-la, a onça resolveu atraí-la à sua furna. Fez para esse efeito correr a notícia de que tinha morrido e deitou-se no meio da sua caverna, fingindo-se de cadáver. Todos os bichos vieram olhar o seu corpo, contentíssimos. A raposa também veio, mas prudentemente de longe. E, por trás de outros animais gritou.
- Minha avó, quando morreu, espirrou três vezes. Espirrar é o sinal verdadeiro da morte.
A onça, para mostrar que estava morta de verdade, espirrou três vezes. A raposa fugiu, às gargalhadas.
Furiosa, a onça resolveu apanhá-la ao beber água. Havia seca no sertão e somente uma cacimba ao pé duma serra tinha ainda um pouco de água. Todos os animais selvagens eram obrigados a beber ali. A onça ficou à espera da adversária, junto da cacimba, dia e noite.
Nunca a raposa curtiu tanta sede. Ao fim de três dias já não aguentava mais. Resolveu ir beber, usando duma astúcia qualquer. Achou um seu corpo. Depois, espojou-se num monte de folhas secas, que se pregaram aos seus pelos e cobriram-na toda.
Ao lusco-fusco, foi à cacimba. A onça olhou-a bem perguntou-lhe:
Respondeu cinicamente:
- Sou o bicho Folharal.
- Podes beber.
Desceu a rampa do bebedouro, meteu-se n'água, sorvendo-a com delícia, e a onça lá em cima, desconfiada, vendo-a beber demais, como quem trazia sede de vários dias, murmurava:
- Quanto bebes, Folharal!
Mas a água amoleceu o mel e as folhas foram caindo às porções.
Quando fartara as estranhas ressequidas, a última folha caíra, a onça reconhecera a inimiga esperta e pulara ferozmente sobre ela, mas a raposa conseguira fugir.
- Minha avó, quando morreu, espirrou três vezes. Espirrar é o sinal verdadeiro da morte.
A onça, para mostrar que estava morta de verdade, espirrou três vezes. A raposa fugiu, às gargalhadas.
Furiosa, a onça resolveu apanhá-la ao beber água. Havia seca no sertão e somente uma cacimba ao pé duma serra tinha ainda um pouco de água. Todos os animais selvagens eram obrigados a beber ali. A onça ficou à espera da adversária, junto da cacimba, dia e noite.
Nunca a raposa curtiu tanta sede. Ao fim de três dias já não aguentava mais. Resolveu ir beber, usando duma astúcia qualquer. Achou um seu corpo. Depois, espojou-se num monte de folhas secas, que se pregaram aos seus pelos e cobriram-na toda.
Ao lusco-fusco, foi à cacimba. A onça olhou-a bem perguntou-lhe:
Respondeu cinicamente:
- Sou o bicho Folharal.
- Podes beber.
Desceu a rampa do bebedouro, meteu-se n'água, sorvendo-a com delícia, e a onça lá em cima, desconfiada, vendo-a beber demais, como quem trazia sede de vários dias, murmurava:
- Quanto bebes, Folharal!
Mas a água amoleceu o mel e as folhas foram caindo às porções.
Quando fartara as estranhas ressequidas, a última folha caíra, a onça reconhecera a inimiga esperta e pulara ferozmente sobre ela, mas a raposa conseguira fugir.
